A Revolução dos Agentes de Compras com IA: Como ChatGPT e Perplexity Estão Redesenhando o E-commerce
- Gustavo Caetano
- há 3 dias
- 3 min de leitura

O e-commerce está prestes a viver a maior transformação desde o surgimento da Amazon. E o motor dessa revolução não é um novo marketplace, mas sim os agentes de compras com inteligência artificial — sistemas como ChatGPT e Perplexity, que estão mudando a forma como descobrimos e compramos produtos online.
Se antes o processo envolvia navegar por sites, assistir a reviews no YouTube e comparar preços manualmente, agora basta um comando como:
"Liste as 5 melhores webcams 4K para videoconferência abaixo de US$ 200 e encontre o melhor preço."E em segundos o agente entrega uma resposta consolidada.
O novo campo de batalha das compras no e-commerce
Hoje, Amazon e Walmart dominam 44% do mercado de e-commerce nos EUA, com concorrentes como MercadoLibre (+37,5% de crescimento em receita em 2024) e Shopify (+25,8%) tentando ganhar espaço. Mas, segundo o estudo da NVIDIA, a porta de entrada para as compras online está mudando: ao invés de buscadores ou marketplaces, os consumidores estão começando no ChatGPT ou no Perplexity.
39% dos consumidores já usaram IA para alguma tarefa de compra.
53% planejam usar ainda este ano.
Entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, o tráfego de plataformas de IA para sites de varejo cresceu 1.200%.
Em alguns marketplaces, até 10% do tráfego já vem do ChatGPT.
O poder da eficiência: de 54 horas para minutos
Atualmente, um consumidor médio gasta 54 horas por ano comprando online. Com agentes de IA, esse tempo pode cair até 90% — reduzindo cada sessão para cerca de 5 minutos.
Essa eficiência é possível porque os agentes:
Comparam produtos em múltiplos sites em segundos.
Interpretam descrições e intenções (“mochila durável e estilosa para viagens de fim de semana que combine com jaqueta preta”).
Executam tarefas automaticamente, como no Perplexity Comet, capaz de visitar um site, adicionar produtos ao carrinho e respeitar um orçamento pré-definido.
Do humano para o agente: a nova interface do varejo
Se antes os sites eram construídos para pessoas, agora precisam ser “agent-ready” — capazes de conversar com sistemas autônomos que:
Navegam e leem páginas.
Interpretam imagens e descrições.
Negociam preços em tempo real (futuro próximo).
O estudo prevê um cenário onde agentes de consumidores negociam diretamente com agentes de varejistas. Imagine pedir a um agente para encontrar um Tesla usado com menos de 30.000 km por até US$ 25 mil em San Francisco e, em minutos, receber propostas já negociadas.
Oportunidades e riscos para o varejo
Oportunidade:Ainda estamos no início. O recurso de compras do Perplexity está restrito a 100 mil – 200 mil assinantes pagos. Isso significa que varejistas têm tempo para se adaptar, criar seus próprios agentes e integrar dados de forma inteligente.
Risco: Se plataformas como ChatGPT e Perplexity passarem a concluir transações dentro do próprio ambiente, marketplaces tradicionais podem virar apenas “backends de logística” — perdendo receita de anúncios (Amazon faturou US$ 56,2 bilhões com ads em 2024 e mira US$ 69 bilhões em 2025).
Como se preparar para a década dos agentes
Segundo Andrej Karpathy, “este não é o ano dos agentes, é a década dos agentes”. Para o varejo, isso significa:
Construir sistemas agent-ready: Usar LLMs, RAG (retrieval-augmented generation) e bancos vetoriais para entender intenção de compra e não apenas palavras-chave.
Investir em negociação automatizada: Desenvolver APIs e agentes internos que possam dialogar e negociar com agentes externos.
Aproveitar ISVs e soluções prontas: Pequenos e médios varejistas podem integrar soluções de fornecedores que já oferecem conectividade com ecossistemas de agentes.
Usar o stack NVIDIA para agentes de varejo:
NVIDIA NeMo: curadoria e fine-tuning de modelos.
NVIDIA NIMs: microserviços de inferência para LLMs e VLMs.
GPUs Blackwell: desempenho de próxima geração para IA generativa.
NVIDIA Blueprints: arquiteturas de referência para e-commerce com IA.
A corrida já começou
Os agentes de compras com IA não vão substituir o varejo online — eles vão redefini-lo. Quem controlar a experiência inicial de busca e compra terá a vantagem competitiva nos próximos anos. E, neste momento, a janela está aberta para que marketplaces e varejistas criem experiências mais inteligentes, rápidas e personalizadas.
O futuro do e-commerce será decidido não só por quem tem o melhor preço ou entrega mais rápida, mas por quem se torna o assistente de compras favorito do consumidor.
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