“O homem que criou o iPhone agora quer matá-lo” – uma revolução silenciosa em hardware e IA
- Gustavo Caetano
- há 1 minuto
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“Humanity deserves better”. Essa frase dita por Sir Jony Ive, ex-chefão de design da Apple, reverbera hoje como um manifesto: ele está trabalhando junto à OpenAI para criar um dispositivo que pode fazer o que o iPhone fez, mas de um modo diferente – e talvez superior.
Quem é esse cara — recapitulando
Sir Jony Ive foi o cérebro por trás de muitos dos produtos mais icônicos da Apple: iMac, iPod, iPhone, iPad, Apple Watch.
Ele saiu da Apple oficialmente em 2019, fundou a firma de design LoveFrom e depois criou uma startup chamada io. Em 2025 a OpenAI comprou sua startup io em um acordo de cerca de US$6,5 bilhões.
O acordo inclui que sua empresa LoveFrom continue independente, mas com papel-chave de design para produtos de hardware que a OpenAI quer lançar.
O que sabemos sobre esse novo device
Não há muitos detalhes confirmados, mas o que se sabe até agora:
Natureza do gadget: Será hardware com fortes capacidades de IA generativa. Não será exatamente um smartphone tradicional, talvez algo “screenless” ou com interface diferente.
Motivação: Ive já declarou preocupação sobre consequências negativas dos smartphones modernos (vício, doomscroll, impacto social) e quer oferecer algo mais “humano”.
Cronograma estimado: Alguns rumores falam de anúncio lá para o fim de 2026, com possíveis envios em 2027.
Desafios: Equilíbrio entre poder de IA, interface amigável, responsividade, privacidade, autonomia de bateria, adoção de ecossistema etc. Por enquanto, nada confirmado sobre preço, parceiros de produção ou suporte global.
Por que esse aparelho pode “matar o iPhone” — cenários possíveis
“Matar” aqui não significa necessariamente apagar o iPhone de cena, mas pode significar:
Mudança de paradigma
Se o novo dispositivo oferecer interações com IA muito mais naturais, contexto adaptativo, menos dependência de toque de tela, interface mais invisível ou assistiva, pode reduzir a relevância de funções principais de um smartphone tradicional.
Problemas sociais e de uso que o iPhone trouxe
Ive já afirmou que sente certo incômodo com o papel dos smartphones em provocar distração, ansiedade, impacto na saúde mental. Se o novo gadget conseguir mitigar esse tipo de efeito — menos doomscrolling, menos notificações invasivas, design que “serve ao usuário, não prende” — ele pode seduzir uma parcela grande do público que está cansada do modelo atual.
Integração de IA generativa como núcleo
Hoje muitos smartphones usam IA só como recurso adicional. Se esse novo aparelho colocar a IA no centro — pensando, antecipando, interagindo de modos novos — pode desbancar parte do valor percebido de smartphones que apenas evoluem incrementalmente.
Design + percepção de marca
Ter Ive (designer de renome) envolvido dá legitimidade estética e de experiência que pode atrair early adopters, designers, entusiastas — públicos que influenciam tendências. Se a execução for realmente excelente, pode puxar o mercado.
Por que pode não conseguir — obstáculos a superar
Para que um dispositivo realmente “mate” o iPhone, ele precisa :
convencer consumidores a trocar de ecossistema: apps, serviços, curadoria, suporte, privacidade. A Apple domina isso.
entregar hardware confiável em escala: durabilidade, sensores, bateria, interface de software suave, atualizações.
resolver o problema da rede de desenvolvedores — se os apps importantes não estiverem lá, muitos usuários vão hesitar.
ter um bom modelo de distribuição e preços acessíveis, especialmente para mercados fora dos EUA/Europa.
Caso real, inspirações e referências
O artigo do The Guardian destaca que Ive sente uma “responsabilidade” pelos efeitos negativos dos smartphones no mundo.
A aquisição da io pela OpenAI mostra que não é só papo: estão investindo pesado para fazer hardware – que historicamente é difícil — mas o investimento é grande.
Comparações já estão sendo feitas com outros dispositivos de IA (tipo “AI Pin”, “AI assistants físicos”) que tentaram algo semelhante, com sucesso limitado até agora. A execução vai ser chave.
O impacto para a Apple (e concorrentes)
Se isso der certo:
Apple pode se ver forçada a repensar como integrar IA generativa em seus produtos — hardware + software — de modo mais profundo.
Novos concorrentes poderão surgir copiando esse modelo.
O mercado pode se fragmentar entre “smartphones tradicionais” vs “assistentes eletrônicos pessoais de IA”.
Se não der certo:
Apple continua forte, o iPhone evoluindo incrementalmente vai manter clientes fiéis.
Esse projeto pode ficar restrito a nichos — design, empresas, early adopters.
Conclusão
Sim — há motivos para acreditar que o cara que desenhou o iPhone, Jony Ive, junto à OpenAI, está de fato trabalhando em algo que pode desafiar o iPhone. Não é certeza de que “mataria” o iPhone, mas é, no mínimo, um risco real e excitante para o mercado atual de smartphone.
A parte mais interessante disso tudo é que, no centro, não está a guerra de specs, câmeras, nitidez de tela — está o design da experiência humana, dos efeitos sociais, da leveza de uso, da interface invisível. Se esse novo dispositivo cumprir, acho que poderemos olhar para 2027 ou 2028 e dizer: “foi assim que o iPhone deixou de ser indispensável”.